Historial: JUNI um pouco de história
Quem não conhece Santa Marinha da Costa, freguesia plena de sonhos e tradições?
Quem ainda não visitou a serra de Santa Catarina que envolve a Penha, estância de rara beleza, encenando e contrastando com a cidade Berço?
Quem não conhece o Mosteiro da Costa, local privilegiado de frades Agostinhos e de monges Jerónimos, mais tarde de Jesuítas e Missionários do Verbo Divino, onde o repouso e o silêncio pactuavam até ao arrebatamento paradisíaco?
E quem não admira a policromia das árvores, a harmonia das flores, o encanto da natureza e o sonho dos realizadores nos jardins esquecidos da cerca, suporte do mavioso canto do rouxinol nas manhãs Primaveris?
Toda esta contemplação do maravilhoso foi observada no labutar da vida e no decorrer da experiência e teve início no dia 2 de Outubro de 1960.
Deslizava uma lânguida brisa matinal, condensava-se um leve nevoeiro, pequenas gotas de cristais entrelaçavam e a boa gente da terra aguardava com ansiedade o "desconhecido".
O estalejar dos foguetes e o repicar festivo dos sinos convidavam à subida da escadaria Joanina, a contemplar a frontaria barroca dos apreciadores arquitectónicos, a observar o espectáculo deslumbrante da paisagem citadina, para depois, e só depois, transpor os umbrais do velho, pobre e despido templo. Foi aí que uma nova etapa, dura e difícil, se marcou: "como conduzir e sublimar o rebanho simples e humilde, mas disperso ao porto salvador da vida e da morte".
Vergado pelo peso da responsabilidade, os primeiros anos passam-se no silêncio, na observação e no reconhecimento.
Calcorreados os caminhos, estudadas as povoações, estreitados os laços de amizade, vencidos os contratempos, planeada toda uma caminhada, apenas de aguardava a hora do arranque.
Este soou como a 1ª etapa no dia 1 de Setembro de 1963.
Eram decorridos apenas três anos e a primeira escola, O ESCUTISMO" organização de jovens e para jovens, aparece numa sociedade indiferente, apática e inerte. Surge como a ressurreição de um povo, ansioso de novidade, que aceita e lhe corresponde expressivamente. A chama bem depressa se ateou e difundiu iluminando os recantos mais sombrios da vida juvenil e até adulta.
Os anos passam e a 1ª escola não abrangia plenamente as camadas mais jovens, pois nem todos aderiam.
O desequilíbrio de alguns jovens, a ânsia clubista desorganizadora de outros, a frustração da vida de tantos, tudo era uma preocupação permanente.
Hoje criava-se, amanhã desfazia-se. A incapacidade de organização e orientação entristecia-me sobremaneira.
Que fazer perante tal espectáculo reinante na juventude e na sociedade local?
Havia necessidade de unir esforços, congregar ideias, marcar posições definidas, distribuir tarefas, concretizar objectivos: consequentemente enriquecer a COMUNIDADE. Assim, escolhem-se elementos e propõem-se ideais para serem estudados e mais tarde acolhidos.
Como alívio de consciência, surge a 2ª escola. A 29 de Janeiro de 1971, na sala da residência, soou, pela 1ª vez, o nome JUNI - Jovens Unidos Num Ideal. Apenas doze jovens, coadjuvados pelo Chefe do escutismo, Gaspar Gonçalves, quais outros doze apóstolos a levar a mensagem ao encontro da alegria, da diversão, da cultura, do convívio e da fraternidade.
No entanto, o 1º contacto foi apenas com o chefe e seis escuteiros, presididos pelo pároco e devidamente preparados, seriam o suporte do esquema para os outros seis, que foram convidados. Todos aceitam o compromisso e abraçam o ideal.
Esta Associação, baseada na fraternidade, recebe de imediato o emblema.
O emblema não aparece ocasionalmente, mas só depois de muito estudo tomou a configuração, que é a actual. Os jovens, conforme a posição dos ângulos e das letras no exterior da conferência,
convergem para o centro, onde está o IDEAL, a CRUZ, representada pelo I, de Ideal, e cortado perpendicularmente pelo aperto de duas mãos, fraternidade.
Foi com este Ideal que mais de 150 jovens ocupavam os tempos livres, quer na sala da residência, quer nas diversas actividades que se iam criando e que estão em vigor.
O desporto prendeu e apaixonou a população;
O teatro trouxe a cultura e o enriquecimento do ambiente;
O conjunto atraiu a juventude para festas e diversões;
Os encontros e convívios cativaram os mais sensíveis e ávidos do saber e do contacto, a participação em cursos foi uma realidade;
O grupo coral animou e entusiasmou na arte musical; etc. etc.
Destas bases e deste entusiasmo se partiu para as grandes arrancadas:
"As obras, garante da estabilidade associativista ".
Quem não se lembra da sala de entrada, da sala dos lobitos, da sala da catequese?
E quem não se lembra da sala de música e mais tarde da obra impressionante do salão?
Quem não se lembra de tudo isto?
E só foi possível pelo esforço invulgar do trabalho de alguns jovens coadjuvados pelos mais velhos, cujas noites não tinham fronteiras durante meses e meses.
Quem, mesmo assim, pretende negar que esta Associação não foi fundada pela Igreja e para a Igreja? Quem pretende deslumbrar a Igreja negando a prioridade do desenvolvimento social e cultural nesta freguesia da Costa?
Só o Judas, que também os houve, nos doze que partiram para a
fundação, seguidos pelos vendilhões do templo na propaganda malévola nas escolas, que, embora conhecedoras da verdade, convinha denegri-la, destrui-la, bem como o fundador e desagregar as massas.
Mas a verdade é inseparável da finalidade da Associação e do fundador e ao tentar-se denegrir aquela destruirse-ía este.
No entanto a firmeza, coerência e a constância, alicerçada na entrega aos outros, não permitiram que o ciclone, após nova era política, varresse a estabilidade de uma pessoa e de uma obra. O vendaval só abalou os incautos, os menos atentos e comprometidos.
A desagregação foi apenas transitória, embora bem orquestrada, quer pelos ataques menos dignos, quer pelas afirmações gratuitas a quem os ajudou, educou, estimou e lançou nos diversos sectores juvenis.
Assim, perante tais injustiças, as crianças, jovens, sócios, adultos, enfim, toda a população, mais coesa, mais corajosa, e mais confiante, lança-se na realização da obra impar e única no género, porque foi com o trabalho de todos, dia e noite, que se fez. Por isso, poder-se-ia chamar ao Parque Desportivo da JUNI o "PARQUE de HERÓIS", e à história, a "história da sensatez e da prudência".
A obra imortalizou a JUNI, enriqueceu a comunidade, surpreendeu os incrédulos, envergonhou os destruidores e admira os admiradores.
Duas piscinas, parque infantil, ringue polivalente, balneários, parque recreativo, bar pistas de atletismo, etc., pelo esforço de tantos, pelo trabalho de muitos, pela colaboração de alguns, não é possível repetir-se.
Nada fará morrer o que se construiu para viver.
Ali cabem todos os sensatos, os que amam e querem se amados, os aficionados ao desporto e à cultura, os que trabalham para servir, os que lutam pelo IDEAL "JUNI".
P.e Adelino Silva
Rev. JUNI - nº 2 abril 81